Projeto de Gestão: Um mapa para o sucesso

Este post nasce da necessidade de compartilhar insights sobre como o planejamento estratégico anual pode transformar os desafios em oportunidades, garantindo não apenas conformidade regulatória, mas também otimização de recursos e maximização de retornos, além de explorar os elementos que compõem um projeto de gestão eficaz, destacando as melhores práticas e metodologias que podem ser aplicadas para enfrentar os desafios deste setor vital.


A importância de um planejamento bem estruturado para a gestão de Ativos e BRR não pode ser subestimada. Ele serve como a espinha dorsal para a tomada de decisões financeiras e operacionais que afetam a capacidade das concessionárias de atender às demandas regulatórias, enquanto equilibra as expectativas dos stakeholders.


Como parte da minha experiência em equipes de BRR, priorizei a utilização da ferramenta de "projeto de gestão" (PG). Esta abordagem começa com uma análise detalhada dos trabalhos executados em anos anteriores, como base para identificação oportunidades de melhorias e ajustes nos processos. O método também inclui aspectos cruciais como a estruturação de equipes, capacitação e o fornecimento de feedbacks contínuos.


Como exemplo, o PG pode ser sumarizado considerando a seguinte estrutura, que será explorada posteriormente:

1.       Entregáveis:

a.       Estrutura;

b.       Resultados do ano anterior;

c.       Nova Cesta de indicadores;

d.       Divulgação de resultados mensais e tratativas;

e.       Projetos tecnológicos;

2.       Estruturantes:

a.       Metodologia de Gestão;

b.       Capacitação;

c.       Feedbacks.

 

Como é possível observar, o planejamento está segregado em duas grandes vertentes. A primeira delas são os “Entregáveis” que resultam em entregas objetivas, e segundo, as ações “Estruturantes”, que tem como objetivo principal aprimorar de forma eficaz a equipe de BRR.

 

O primeiro tópico sobre a “Estrutura” refere-se a um organograma simples das equipes e das áreas que estamos subordinados. Esta abertura simples tem como objetivo principal trazer clareza quanto à equipe, subordinações, facilitar a comunicação e ajuda na orientação de novos colaboradores.

 

Na seção de Estrutura, é fundamental destacar o papel dos "Líderes de Processos". Semelhantes aos líderes de projetos ou gerentes de projetos em suas funções, esses líderes gerenciam de forma autônoma e independente os processos que lhes são atribuídos, assegurando que cada processo alcance os resultados esperados.

 

Os Líderes de Processos são responsáveis por diversas atividades-chave, incluindo a definição de cronogramas de execução, organização de reuniões de acompanhamento, determinação de entregáveis intermediários, gestão de contratações e orçamentos, além do envolvimento e comunicação com os stakeholders.

 

Desta forma, a estrutura do grupo de trabalho fica bem definido, de modo onde cada um dos membros da equipe sabe onde ele se encontra sob o ponto de vista da corporação, ao passo que este possui seus processos a serem executados.

 

Aqui cabe um destaque. Os líderes de processos funcionam de maneira mais eficiente em equipes mais maduras, formadas exclusivamente ou em sua maioria, por profissionais com um perfil mais autogerenciável.

 

Posterior aos comentários sobre a estrutura da equipe, passa-se para uma análise sobre os “Resultados do ano anterior”. A análise de resultados para fins de PG deve superar a leitura fria dos indicadores e metas. O projeto de gestão possui em seu cerne a busca incansável pela eficiência e, neste sentido, a análise de resultados deve ser uma ferramenta de oportunidades de melhoras. Utilizo algumas ferramentas nesta etapa, dentre elas destaco:

 

O Gráfico de Gantt é uma ferramenta de gerenciamento de projetos utilizada para ilustrar o cronograma de atividades e tarefas. Este gráfico é uma forma eficaz de mostrar o tempo de duração de cada atividade envolvida em um projeto, assim como sua sequência e sobreposição ao longo de um eixo horizontal que representa o tempo. Comparar o gráfico de Gantt projetado e o realizado é um bom primeiro indicativo de potenciais desvios processuais. Os desvios são decorrentes de falhas no planejamento ou, de fato, existiram questões a serem tratadas que demandaram tempo adicional? Em mesma linha, o Diagrama de Ishikawa, também conhecido como diagrama de causa e efeito ou espinha de peixe, é uma ferramenta visual utilizada para identificar, explorar e exibir as possíveis causas de um problema específico. Por fim, aplico habitualmente a técnica dos Cinco Porquês que é uma técnica simples que envolve perguntar "por quê?" repetidamente (geralmente cinco vezes) para chegar à raiz de um problema.

 

Após definir de maneira objetiva as oportunidades de melhoria, faz-se necessário elencá-las em algum nível de prioridade. O que será feito primeiro? E neste sentido O Diagrama de Pareto é tradicionalmente utilizado na busca de ações mais impactantes, mas também gosto muito da Matriz de Eisenhower.

 

A Matriz de Eisenhower, também conhecida como Matriz Urgente/Importante, é uma ferramenta de gestão de tempo que ajuda a priorizar tarefas com base em sua urgência e importância. Esta ferramenta é atribuída ao Presidente Dwight D. Eisenhower, que enfatizou a importância de distinguir entre urgência e importância para a gestão eficaz do tempo.

 

Assim, definido de maneira objetivo quais são os principais pontos de melhoria, suas principais causas e qual a melhor ordem para priorização das atividades, resta utilizar todos estes insumos para desenvolver a Nova Cesta de indicadores.

 

Os indicadores de desempenho, também conhecidos como Indicadores de Performance ou KPIs (Key Performance Indicators), são métricas utilizadas para quantificar a eficácia e eficiência das ações que uma organização executa. Estes indicadores são ferramentas essenciais na gestão empresarial, pois fornecem uma base objetiva para avaliar o progresso em direção a objetivos pré-definidos. KPIs são medidas quantitativas usadas para avaliar o desempenho de uma organização, equipe ou processo ao longo do tempo. Eles são utilizados para determinar o sucesso em alcançar metas estratégicas e operacionais.


Os KPIs ajudam a direcionar o foco para os objetivos estratégicos e táticos da organização, fornecem ainda uma forma de medir o quão efetivamente uma empresa está alcançando seus principais objetivos de negócios, além de permitem a identificação de pontos de melhoria e otimização de processos.

 

Temos um post específico sobre os melhores indicadores para Gestão de Ativos e Base de           Remuneração: https://brunosoliveira.blogspot.com/2024/03/indicadores-que-iluminam-o-caminho-os.html

 

Acima disso, o foco principal é alinhar a cesta de indicadores com os principais pontos de melhoria na análise dos resultados do ano anterior. Assim os indicadores assumem um papel ainda mais relevante, não apenas medido as ações e seus resultados, mas também acompanhando os pontos críticos e garantindo assim um processo de melhoria constante na gestão de Ativos e BRR.

 

Considerando estas atividades, tem-se no PG uma visão detalhada da equipe, já com as funções que cada membro do time irá realizar, uma métrica de validação e acompanhamento destas atividades. Resta agora partir para as ações que buscam sanar de maneira rotineira as deficiências processuais. E neste momento as Divulgação de resultados mensais e tratativas são fundamentais.

 

Mensalmente os líderes de processos devem realizar reuniões de resultados, apresentando como cada um dos seus processos e apurações de indicadores ocorreu no mês de referência. Assim é possível verificar o avanço das ações, os principais pontos e como tratar os potenciais desvios.

 

Além de meramente apresentar os dados, as reuniões mensais de resultados oferecem uma plataforma para discussão estratégica, onde cada líder de processo demonstra o desempenho dos indicadores de seu domínio. Esses encontros são cruciais para identificar avanços significativos e desafios emergentes, permitindo que a equipe direcione imediatamente as ações corretivas. Um indicador eficaz não só mede desempenho, mas também impulsiona a mudança. Portanto, qualquer KPI que não induza a melhorias operacionais tangíveis ou ajustes estratégicos deve ser reavaliado para garantir sua relevância e eficácia na promoção da excelência contínua em nossos processos

 

Por fim, encerra-se a etapa dos entregáveis nos Projetos Tecnológicos. Conforme apresentado em outro post (https://brunosoliveira.blogspot.com/2024/04/revitalizando-regulacao-energetica-as.html) a Aneel avança em automatizações, melhorias processuais nas fiscalizações, implementação de melhores práticas na busca por transparência e excelência. Em linha a este cenário de mudanças, as equipes de Gestão de Ativos e BRR devem estar atentas a potenciais projetos tecnológicos que podem ser implementados também em busca de agilidade, acuracidade e redução de mão de obra operacional e mais mão de obra intelectual. (Mais Brain e Menos Braço).

 

A definição dos projetos tecnológicos deve levar em consideração principalmente (i) Volume Alto e Repetitivo, (ii) Consistência e Qualidade, (iii) Redução de Custos, (iv) Aumento da Demanda, (v) Liberar Recursos Humanos para Tarefas Mais Estratégicas, (vi) Segurança e Conformidade e (vii) Análise de Retorno sobre Investimento (ROI).

 

Em resumo, vale a pena desenvolver um sistema para automatizar uma atividade manual quando isso resulta em melhorias significativas na eficiência, redução de custos, qualidade e conformidade, ou quando pode liberar recursos humanos para tarefas mais valorosas. Avaliações regulares de processos e tecnologias disponíveis também podem ajudar a identificar oportunidades de automatização que antes não eram viáveis ou evidentes.


 


Além dos entregáveis, realiza-se o detalhamento de medidas estruturantes, que tem como objetivo nortear a gestão das áreas e auxiliar no planejamento de atividades relevantes para a equipe e para o gestor.

 

Neste sentido a primeira das medidas estruturantes é a Metodologia de Gestão, que especificamente para o cenário de profissionais autogerenciáveis, majoritariamente de analistas e especialistas. Para as equipes que lidero realizo habitualmente alguns ciclos de reuniões de acompanhamento.

Reuniões semanais: Semanalmente são realizadas reuniões de 30 a 45min para acompanhamento das demandas urgentes, atividades em curso e acompanhamento do avanço dos planos de ação.

Reuniões mensais: Mensalmente são apresentados os avanços dos projetos em fóruns específicos (1h) e reunião de indicadores, onde os resultados são apresentados juntamente com as demais tratativas para ajustes dos desvios detectados.

Reuniões de resultados: Ao fim dos projetos são realizadas reuniões de resultado para validar que os objetivos planejados foram integramente atingidos.

Esta estrutura de reuniões permite à equipe o desenvolvimento de gestão autônoma de seus processos e projetos e mantem todos os profissionais da equipe alinhados com as entregas em curso. Não obstante, o acompanhamento próximo permite que desvios sejam corrigidos previamente e, em caso de mudanças estratégicas, pode-se revisitar objetivos de forma direcionada.

 

As capacitações são temas relevantes no Projeto de Gestão. Inicialmente é proposto um cronograma de capacitações a serem ministradas pela equipe para a equipe. Esta etapa tem dois focos principais. O primeiro refere-se a desenvolver na equipe um pesado conhecimento técnico de todos os processos da área, com utilizações práticas dos conceitos estudados. O segundo é relacionado ao “treinador”, que neste desafio de apresentar aos pares, pode desenvolver habilidade de comunicação, organizar ideias de forma clara, aprofundar conhecimento teórico e prático.

 

Por fim, o PG se encerra com o cronograma do ciclo anual de feedbacks. Acredito que ciclos trimestrais ou com uma periodicidade menor são mais eficientes para a busca constante por excelência, acumulando assim um período de avaliação, mas também um tempo para implementação das mudanças de postura propostas.

 

À medida que concluímos esta jornada pelo universo do projeto de gestão, fica evidente que sua importância transcende um simples planejamento. Acredito que ele se torna um mapa para o sucesso, guiando as áreas de Base de Remuneração e Gestão de Ativos através das complexidades e desafios do setor elétrico, enquanto desbravam novas oportunidades de otimização e maximização de recursos. O projeto de gestão não é apenas uma ferramenta; é um modelo mental, um compromisso com a excelência e a inovação contínua. Ao adotar uma abordagem estratégica e metodológica para a gestão de ativos e BRR, as concessionárias não apenas atendem às expectativas regulatórias, mas também se posicionam como líderes na busca pela eficiência operacional e pela excelência em serviços. Que este post sirva como inspiração e guia para todos os profissionais envolvidos na complexa e fascinante jornada da gestão no setor elétrico. Juntos, podemos iluminar o caminho para um futuro mais sustentável, eficiente e inovador.

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